Sempre insisto que o brasileiro só será feliz quando se organizar socialmente e fazer valer seus direitos. Isoladamente não adianta ficar indignado, sentadão no sofá e reclamando do Alckmin, da Dilma, do Lula, do Aécio e do Renan – só pra citar alguns. Mas, é claro. Estamos no Brasil e se organizar em grupos nem sempre é fácil ou positivo. O que, a princípio deveria ser até estimulado, inclusive pelo poder público, muitas vezes é condenado radicalmente. É o caso que ocorreu nesta primeira semana de março no Distrito Federal, mais precisamente na região administrativa de Vicente Pires, situada a uns 25 km do Plano Piloto de Brasília.
Era uma comunidade agrícola e aos poucos foi se transformando em área urbana, ainda que parte dos terrenos não seja, digamos, regular – algo pará lá de comum na Capital Federal.
É nacionalmente conhecida a situação de penúria administrativa por que passa o DF em razão das desastrosas gestões anteriores dos que ocuparam o Palácio do Buriti ou palácio do governo.
Mas agora o atual abusou, por meio de seu representante legal, a administradora da regional de Vicente Pires (um cargo semelhante ao de subprefeito em cidades grandes), Maria Celeste Liporoni. Diga-se que foi prontamente exonerada pelo atual governador logo após a imprensa noticiar o fato a seguir.
A paulada foi tamanha na imagem do governo local que o próprio vice-governador passou a ocupar interinamente o lugar da ex-administradora.
Um dos probemas recorrentes do DF são as crateras que se abrem no asfalto no período de chuvas (que geralmente dura uns seis meses). Com o caos financeiro em que o governo local se encontra não é de se estranhar que haja falhas na prestação de serviços públicos, entre os quais, a operação tapa-buraco.
Punidos por colocarem a mão na massa
Incomodados com a paralisia do governo, um grupo de moradores de Vicente Pires pôs mão à obra e fez o que se espera dos cidadãos: se organizaram em grupo (via a Associação de Moradores de Vicente Pires), uniram esforços e recursos e cobriram algumas crateras e até pavimentaram a via pública, utilizada por eles e por terceiros. E isso avisando previamente a administração regional de que fariam isso…
A ação comunitária foi bancada com doações solicitadas pelos próprios moradores inclusive nas ruas da região. Alugaram trator, operador e consertaram o asfalto.
O que fez a competente administradora diante de tal atitude? Adivinha!
a) Pediu desculpas aos moradores pela inoperância momentânea? NÃO!!!!
b) Se comprometeu a ceder pelo menos maquinário ou pessoal para apoior o esforço dos moradores? NÃO!!!
c) Ignorou ainda mais os “chatos” de Vicente Pires? NÃO!!!
d) Denunciou os moradores à polícia por destruírem o patrimônio público? SIM!!! Acreditem!
Na denúncia, a administração regional culpa os moradores de removerem 1.200 metros de asfalto e, por isso, tiveram que depor na 38ª Delegacia de Polícia para explicar ao “Dotô Delegado” que agiram por inépcia do governo e negaram, claro, as acusações absurdas.
Além de demonstrar como é complicado se organizar socialmente no Brasil, o caso relata como é cruel o resultado quando um despreparado é indicado para assumir um cargo público.
É algo que os brasileiros precisam começar a exigir dos governantes: que sejam nomeados e/ou eleitos apenas os que tenham um mínimo de formação e experiência para dar conta das tarefas que aparecerão pela frente no desempenho da função pública. Senão, dá nisso aí…