Férias no Pantanal
Esse estoque é suficiente para certificar projetos capazes de proteger uma área de floresta equivalente a 1 milhão de campos de futebol. O modelo de negócio da MOSS se baseia no ganho a partir da valorização da cotação da tonelada de carbono, fixada, hoje, em R$ 65,00. Para se tornar cliente, é preciso adquirir um mínimo de 10 toneladas, e o lucro dependerá da evolução da cotação do carbono. "Quanto mais pessoas se interessarem em investir maior será a cotação e mais projetos serão beneficiados. É um ganha-ganha", destaca.
Apesar de ter nascido e crescido no Rio de Janeiro, Luis sempre manteve um pé no Pantanal e na Amazônia. É que na infância ele curtia as férias de verão entre as cidade de Cáceres e Cuiabá, no Mato Grosso, onde vive parte de sua família. Ele conta que o primeiro gatilho para sua conversão ambiental se deu em meio à efervescência da Rio 92, Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro, em 1992. “Na época, eu tinha 12 anos e comecei a me interessar por personagens como o oceanógrafo francês Jacques Cousteau e o navegador Amyr Klink”, diz. “Eu escrevia historinhas de HQ nas quais eles eram as principais personagens.”
Apesar disso, sua carreira acabou enveredando para o mercado financeiro, após concluir o curso de engenharia na prestigiosa Universidade Stanford, na Califórnia. Ao longo de 17 anos, o fundador e CEO da MOSS passou pelo Credit Suisse, a BRZ Investimentos e a York Capital. Tornou-se empreendedor com a criação da gestora de fundos Armadillo Capital Management, lançada em 2013 e que chegou a contar com uma carteira de meio bilhão de dólares. A guinada veio com o nascimento da filha, Olívia, em 2019. “Eu percebi que não conseguia cumprir a função de causar impacto ambiental, tampouco deixar um legado nesta área.”
Foi aí que ele decidiu usar a expertise para continuar fazendo o que gosta, e sabe!, porém, focado na preservação da Amazônia e com um toque de inovação. Na visão do empreendedor, a mais importante pauta ambiental continua sendo a poluição e seus efeitos sobre as mudanças climáticas. E o principal veículo para dar conta dessas questões seria o mercado de crédito de carbono. “Não é um sistema perfeito, contudo, é o que temos à mão”, destaca.
Proteção ou maquiagem verde?
Desde que surgiu, na esteira do Protocolo de Kyoto, o mercado de compensação ambiental passou por altos e baixos. A inexistência de uma regra global e as acusações sobre seus eventuais malefícios, na linha da “maquiagem verde”, têm colaborado para colocar esse mecanismo sob o severo escrutínio dos ambientalistas. No entanto, a necessidade de implementar o Acordo de Paris, celebrado em 2015, deverá colocar os títulos de crédito de carbono no radar de um número cada vez maior de investidores. Especialmente daqueles que desejam unir ganho financeiro com o propósito da preservação ambiental.
Pelas contas da MOSS, o Brasil só teria a lucrar com essa nova onda. Especialmente agora, que o governo federal pratica uma política errática em relação à preservação da Amazônia, alegando falta de recursos e de pessoal para cuidar da região. O site da fintech cita um estudo da gestora global Schroders, segundo o qual pelo “tamanho da Floresta Amazônica, o país poderia certificar 1,5 bilhão de créditos por ano, ou o equivalente a US$ 60 bilhões de fluxo (de recursos) para projetos ambientais, impactando o PIB em 6% ao ano”.