eMerge Americas quer ser a porta de entrada das startups latinas no território americano
Quando se fala em inovação e tecnologia, o primeiro lugar que vem à cabeça é o Vale do Silício, na Califórnia. Nova York, por sua força econômica e pelo fato de abrigar a bolsa de valores específica para empresas para empresas de tecnologia, a Nasdaq, vem na sequência. Mais recentemente, Austin, a capital do Texas, se firmou como uma opção às demais cidades, devido ao custo de vida mais baixo e por abrigar inúmeros talentos, que acorrem à cidade anualmente para o SXSW (South by Southwest), o mais importante festival de inovação, do planeta! Nos últimos 10 anos, no entanto, dezenas de cidades nas Américas vêm tentando desafiar a hegemonia dessas três vitrines. A lista inclui a americana Atlanta, a canadense Toronto e a colombiana Medellín. Agora, quem está tentando entrar neste clube é Miami, a cidade mais latina dos Estados Unidos.
Quem está liderando esforços neste sentido é a eMerge Americas, plataforma que lidera os esforços para transformar a cidade no maior polo de tecnologia das Américas. “Miami reúne as condições para se tornar a porta de entrar para as startups da América Latina que precisam ganhar escala global, a partir do mercado americano”, diz Felice Gorordo, CEO da eMerge Americas. Na quinta-feira (17/10), ele esteve no campus da Universidade de São Paulo (USP) para a rodada de pitch que escolheu as quatro startups brasileiras que participarão da edição 2020 do Startup Showcase, que acontece nos dias 30 e 31 de março, em Miami. O evento é considerado uma das principais vitrines para empresas inovadoras dos três continentes.
E quem olha essa vitrine são potenciais parceiros nas áreas de distribuição e tecnologia, além dos financiadores. De acordo com Gorordo, o setor de private Equity da cidade não para de crescer. Em 2018, as 201 venture capital de lá movimentaram US$ 1,4 bilhões, colocando a cidade na 11ª posição, nos Estados Unidos. Volume que saltou para US$ 1,5 bilhão no acumulado do primeiro semestre deste ano. “Agora, estamos na sétima posição, à frente de Chicago e Austin”, celebra o empreendedor.
O Brasil entrou no radar do evento a partir de 2018, quando a USP se integrou ao Consórcio Universitário Hemisférico, que congrega 11 instituições de ensino da região. A ambição da universidade não é pequena. “A USP vem se empenhando bastante para ser, cada vez mais, um centro de inovação e empreendedorismo”, diz Gerson Damiani, responsável pelas relações internacionais da USP. Foi ele quem atuou na seleção das empresas que se apresentaram num pitch, diante de um grupo de especialistas.
O CEO da eMerge Americas e mostra bastante confiante na parceria com o Brasil e outras potências do continente, como México e Colômbia. Segundo ele, diversos fatores ajudam a estreitar os laços. “Apesar de estar localizada nos EUA, Miami é uma cidade latina, que cresceu graças a força de imigrantes da região”, destaca. “Por conta disso, é mais fácil para um empreendedor brasileiro levantar recursos lá, do que em São Francisco e em Nova York.”
Fazer esta ponte é exatamente o que se propõem a eMerge Americas, que possui na lista de apoiadores e financiadores grandes corporações locais: Medina Capital (fundo de private equity), A-Rod Corporation (detentora da franquia local da rede de academias UFC), Greenberg Traurig (gigante da advocacia com escritórios em 41 cidades) e Miami Herald (grupo de mídia). “Acredito que existem muitas possibilidades para o desenvolvimento de empresas latinas que atuam com produtos e sistemas inovadores, especialmente na área da saúde”, afirmou Gorordo. Não por acaso, esse foi o foco de 80% das startups que se apresentaram no pitch realizado na Arena Santander, na USP.
Crédito da foto de abertura: Cecilia Bastos Ribeiro/Agência USP de Inovação