Ando tão impactada com a seca severa e o calor de 40° que estamos atravessando no interior de São Paulo (e em outras partes do país) que, de certa forma, vou voltar ao mesmo tema do meu último texto aqui para o 1 Papo Reto. Desta vez, porém, pela perspectiva da solução. Assisti ao documentário Kiss The Ground (Beije o Solo), da Netflix, que foi traduzido no Brasil como Solo Fértil.
O documentário não traz novidades para quem já atua com agricultura conservacionista, orgânica, agroecológica. São conceitos que a agrônoma Ana Maria Primavesi já pregava desde os anos 50. Mas amplia o tema para um público muito mais abrangente, aponta caminhos e mostra exemplos de como a prática de uma agricultura regenerativa ajuda a salvar o planeta, e a nós mesmos, de forma didática e esperançosa.
Logo no início, o narrador, o ator Wood Harrelson, já nos indica o que virá: “esta é a história de uma solução simples, uma forma de curar o nosso planeta e manter a nossa espécie fora da lista de extinção. (...) Na verdade, a solução da qual estou falando está sob os nossos pés e é tão velha quanto a terra. Chamamos de solo”.
Com essas palavras ele introduz uma série de histórias e exemplos de como a agricultura tem um papel decisivo para solucionar os problemas causados pelas mudanças climáticas por meio da captura de gás carbônico da atmosfera pelas plantas e do pelo solo. O caminho para isso é uma agricultura livre dos produtos químicos, conhecidos como agrotóxicos, que matam a vida no solo.
Se o objetivo do documentário é gerar esperança apontando soluções, comigo funcionou. Ao apresentar o trabalho de ativistas, cientistas, políticos e agricultores, entre eles a modelo Giselle Bündchen e o cantor Jason Mraz, o documentário reforça em mim a certeza de que a solução vem de pessoas comuns. Das pessoas que se dedicam a devolver a vida ao solo. Ao trabalho de gerar vida e riqueza. Um trabalho de formiguinha que ganha força à medida que avança e se mostra viável, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também do econômico.
Fico feliz de fazer parte dessa solução. Tenho trabalhado arduamente para restaurar a vida do solo do sítio da minha família. Para torná-lo vivo e saudável. Ainda tenho um longo caminho a percorrer. O documentário me abraça e me incentiva, e fez eu me apaixonar ainda mais pela agricultura e pelo seu poder transformador. Confesso que quando eu decidi abandonar o mundo corporativo para me dedicar à agricultura orgânica, eu não tinha noção da dimensão e da grandeza do caminho que escolhi trilhar.
“O solo nos salvará”. E mesmo quem não está diretamente ligados à agricultura, têm um papel fundamental nesse processo como consumidor. O consumidor é quem manda no mercado. O restante é reação.
No site www.kissthegroud.com tem, inclusive, uma página dedicada a como cada um pode fazer parte desse movimento e dessa solução.
N.R.: Assista ao trailer legendado em nosso player de vídeo, na home de 1 Papo Reto