Por Rosenildo Ferreira, especial para Coalizão Verde
Durante muitos anos, a contratação de seguros foi vista como uma espécie de “mau agouro”. Tempos depois, passou a ser encarada como “um mal necessário”. Recentemente, no entanto, em vez da conexão com coisas negativas, o seguro vem sendo entendido como uma forma de proteção, especialmente em tempos marcados por incertezas. Com a pandemia de COVID-19, que levou muitas pessoas a trabalhar em casa, o seguro ganhou o status de ferramenta capaz de facilitar o dia a dia. E o reflexo disso já aparece nas estatísticas do setor. De acordo com a Confederação Nacional de Seguros, a venda de apólices residenciais cresceu 6,1%, no ano passado.
Uma das empresas que têm aproveitado este bom momento é a Bradesco Seguros, cuja carteira cresceu 25% neste nicho. “Estamos em um momento de mudança de percepção do setor”, diz Rodrigo Herzog, superintendente de operações da Bradesco Seguros. “As pessoas começam a enxergar o seguro por sua capacidade de resolver problemas do cotidiano”. Uma boa amostra disso é o avanço do volume mensal de chamadas à central da Bradesco Seguros, que passou de cinco mil, em setembro de 2019, para 15 mil, em julho deste ano.
Para se diferenciar da concorrência, as empresas vêm adotando estratégias ousadas. Afinal, o pacote encanador, chaveiro e reparos domésticos já não empolga mais os potenciais clientes. A Bradesco Seguros, por exemplo, decidiu ancorar sua atuação nos pilares ESG, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança corporativa. Nos últimos dois anos, os principais investimentos têm acontecido no “E”, de Environment (meio ambiente, em inglês), especialmente nas vertentes de apoio e promoção da reciclagem, do descarte correto e da redução do uso de recursos naturais.
Para dar conta do primeiro quesito, a seguradora se associou à Ecoassist, encarregada da coleta de produtos eletrônicos, eletrodomésticos e móveis danificados ou em desuso. “No ano passado, reciclamos 16 toneladas de produtos retirados das casas dos segurados”, conta o executivo. Segundo ele, 95% foram destinados para reciclagem, enquanto o restante foi entregue para bazares de ONGs, como o Centro Espírita Allan Kardec, a Casa André Luiz e o Instituto Sustex Moda.
No caso da carteira de seguro de automóveis, o volume foi ainda mais portentoso: 750 mil toneladas; em parte devido ao peso unitário de cada item, mas também pela evolução na demanda por esse serviço, iniciado em 2009, e que até meados de 2018 havia coletado módicos 15,7 mil toneladas. A tarefa é confiada a seis empresas parceiras: Rocha, Ecopalace, Ecosystem, Maranata, Megaforte e Estoril. Elas atuam em duas frentes: venda de autopeças recuperáveis, como lanternas, faróis e bancos, por exemplo, e o envio das carcaças para servirem de matéria-prima na cadeia industrial.
Na toada do “menos é mais”, a partir dos postulados do ESG, o que vem dominando a atenção de Herzog é a transformação digital de todos os processos da companhia. Com isso, espera dar conta de dois problemas. O primeiro deles é a redução de custos operacionais, uma vez que a impressão de apólices e outros comunicados consome 25 milhões de folhas A4, por ano. O outro é a forma de interação com os clientes, especialmente os mais jovens, que preferem navegar por aplicativos de serviços em vez de buscar informações em formulários impressos.
Pesaram nessas estratégias as experiências passadas do executivo, formado em ciência da computação, e o benchmark com o que acontece em outros países. “No Chile, onde 95% da população possuem seguro residencial, não existem apólices em papel”, destaca. Para dar suporte a esse projeto, ele diz que está em fase final o desenho do novo aplicativo da Bradesco Seguros. As funcionalidades previstas incluem desde o extrato do consumo de serviços incluídos na apólice, além de um detalhamento claro do que faz parte ou não da cobertura contratada. “Muitas vezes, os clientes se esquecem que têm direito a determinado serviço”, conta.
A lista de novidades inclui ainda o check-up doméstico. Funciona assim: um técnico faz uma avaliação pormenorizada da rede elétrica, do encanamento e outros itens do imóvel. A partir daí, o cliente recebe um laudo e pode acessar os serviços previstos na apólice para resolver problemas imediatos ou realizar uma manutenção preventiva.
Créditos das imgens: Freepik (abre) e divlgação Bradesco Seguros