Os investimentos sociais privados voltados ao público 60 + no Brasil ainda estão muito aquém do esperado. É o que revela o estudo “Investimentos Sociais Privados e a Longevidade”, divulgado recentemente pela Fundação Dom Cabral, uma das mais conceituadas escolas de negócios brasileira, atuando nos segmentos de Educação Executiva, Acadêmica e Social. A pesquisa foi conduzida pela FDC Longevidade, plataforma que atua na geração e disseminação de conhecimento sobre o tema.
Os números são discrepantes e mostram a invisibilidade do assunto “envelhecimento” na agenda das organizações. De acordo com o Censo GIFE (principal pesquisa sobre investimento social privado no Brasil), em 2022 foram destinados R$ 4,8 bilhões para iniciativas sociais, ambientais, culturais e científicas de interesse público. No entanto, desse total somente 10% foram dirigidos às leis de incentivo fiscal. Desmembrando ainda mais essa matemática, os recursos voltados para os seniores foram mínimos: 26% no uso das leis federais (Fundo Nacional do Idoso); 3% das leis estaduais (Fundos Estaduais dos Direitos dos Idosos); e 26% das leis municipais (Fundos Municipais dos Direitos dos Idosos). Segundo esse levantamento, ao decidirem se beneficiar das leis de incentivo fiscal - que oferecem em contrapartida o abatimento no Imposto de Renda- o foco da maioria das empresas ainda é investir no universo da cultura e do público jovem.
A pesquisa demonstra claramente que as empresas desconhecem as oportunidades de canalizar os seus recursos para o Fundo do Idoso e assim financiar projetos que propiciem o bem-estar e a qualidade de vida de pessoas 60+, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade social e econômica. “Se, por um lado, as empresas que investem no social têm ganhos na imagem da sua marca, conseguem atrair os melhores talentos e manter relacionamentos mais profundos com seus clientes, por outro, elas criam vantagens competitivas sólidas, reduzem seus riscos reputacionais e garantem sustentabilidade dos seus negócios no longo prazo”, justifica a vice-presidente de Educação Social da FDC, Ana Carolina de Almeida.
Como curiosidade, o IBGE acaba de divulgar dados de 2023 onde consta que a população idosa no Brasil (15,6%) ultrapassou a da faixa etária de 15 a 24 anos (14,8%). Em 2046, segundo as projeções do instituto, os 60+ alcançarão o patamar de 28%, configurando a maior fatia populacional do país (hoje, quem lidera esse ranking com 26,2% são as pessoas de 40 a 59 anos). Daí a necessidade de preparar a sociedade e as organizações para um novo padrão demográfico que seja capaz de acompanhar o crescimento dessa população que está envelhecendo rapidamente e conquistando uma longevidade ativa e saudável.
“Estamos deixando de ser um país de jovens para apresentar um crescimento significativo da população 60+ que, na maioria dos casos, é produtiva e participativa na vida social, política e econômica do nosso país. Por esta razão, estudos desta magnitude são fundamentais para que possamos entender todas as possibilidades e necessidades desta população”, afirma Paula Simões, vice-presidente de Conhecimento e Aprendizagem da FDC.
Em Belo Horizonte a Fundação Dom Cabral mantém o programa BASIS que capacita gratuitamente gestores de OSCs (Organizações da Sociedade Civil), líderes sociais, profissionais de saúde e produtores culturais que atuam com a população idosa. “A ideia é conectar o nobre propósito dessas instituições com práticas de gestão, governança, estratégia de mobilização de recursos e comunicação, visando apoiá-las para que possam ser sustentáveis”, explica Ana Carolina.
Cerca de 85 entidades da sociedade civil participam do BASIS e a expectativa, até o final de 2024, é capacitar 500 gestores, impactando cerca de 100 organizações de Belo Horizonte, por enquanto.
O estudo “Investimentos Sociais Privados e a Longevidade” foi realizado por meio de fomento da Prefeitura de Belo Horizonte, Conselho Municipal do Idoso e Fundo Municipal do Idoso da capital mineira.
Para conhecer detalhes dessa pesquisa, acesse o link