Reunir os personagens Mônica, Magali, Cebolinha, Cascão, Milena (primeira menina negra da Turma da Mônica), André (garoto autista), Dorinha (cega) e Tati (com síndrome de Down) para dar um recado superimportante sobre o Alzheimer e outros tipos de demência, pode parecer estranho, à primeira vista. Mas a intenção não poderia ser mais assertiva. Traduzir informações científicas e complexas sobre essas doenças que acometem pessoas idosas para o conteúdo de uma cartilha, produzida em linguagem lúdica e acessível, é certo que o resultado foi alcançado.
No Setembro Lilás, Mês Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, o Laboratório de Biologia do Envelhecimento (LABEN) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) idealizou e lançou a “Cartilha Educativa EnvelheCiência e Turma da Mônica na Prevenção de Demências”, ao identificar a carência de materiais didáticos e lúdicos que pudessem ser usados em sala de aula.
“Há uma necessidade de aproximar a ciência do cotidiano das pessoas desde cedo, e as demências, em especial o Alzheimer, ainda carregam muito estigma”, justifica a dra. Márcia Regina Cominetti, professora titular do Departamento de Gerontologia da UFSCar e coordenadora do LABEN. “A escolha dos personagens da Turma da Mônica se deve ao fato de serem reconhecidos por gerações e transmitirem confiança, o que facilita a comunicação com crianças, adolescentes e até mesmo adultos”, acrescenta. Ressalta-se que o Instituto Maurício de Sousa, parceiro nessa publicação, agrega vasta vivência no desenvolvimento de projetos sociais que fazem a diferença, proporcionando educação, inclusão e transformação.
Márcia Regina, professora titular do Departamento de Gerontologia da UFSCar e coordenadora do LABENDe acordo com o Relatório Nacional sobre Demência no Brasil, cerca de 1,8 milhão de brasileiros vive com algum tipo de demência e esse número pode triplicar até 2050. Um cenário indicativo de que é bem possível que entre esses leitores do universo infantil e adolescentes já estejam convivendo, em seu ambiente familiar, com parentes (avós, por exemplo) que apresentam sinais de demência, criando-se uma relação intergeracional rica e desafiadora.
“Quando a criança compreende, de forma adequada para sua idade, o que está acontecendo com seu avô ou avó, ela se torna mais empática e preparada para lidar com as mudanças de comportamento. Isso favorece vínculos afetivos mais fortes e reduz sentimentos de medo ou rejeição. A cartilha funciona justamente como uma ponte de diálogo dentro das famílias, oferecendo ferramentas de acolhimento e compreensão”, argumenta a doutora Marcia.
No caso do Alzheimer, enfermidade neurodegenerativa, progressiva e irreversível, quando abordada de forma lúdica não diminui a seriedade do tema, mas permite que seja tratado sem gerar angústia excessiva. De acordo com a professora, falar de Alzheimer de maneira direta pode ser doloroso, especialmente para famílias que convivem com a doença. A linguagem acessível e criativa da cartilha ajuda a quebrar barreiras e facilita a aceitação da informação.
A Cartilha
Com 16 páginas ricamente ilustradas, a cartilha apresenta de forma leve e didática os 14 fatores de risco modificáveis (obesidade, descontrole de doenças, inatividade física, tabagismo, bebida alcoólica, isolamento social entre outros), e as práticas que favorecem a saúde do cérebro. A ideia é engajar crianças, adolescentes e suas famílias em ações de prevenção desde cedo, reforçando que é possível reduzir as chances de desenvolver a doença ao longo da vida. “As crianças têm recebido essas informações com muita curiosidade e abertura. Muitas compartilham relatos sobre seus avós ou vizinhos, mostrando que já possuem uma vivência com a demência”.
O LABEN
O Laboratório de Biologia do Envelhecimento da UFSCar desenvolve diversas frentes de pesquisa e extensão, além do estudo de biomarcadores para diagnóstico no tempo adequado da doença de Alzheimer. Promovem também outras atividades comunitárias, como hortas terapêuticas para pessoas que vivem com demência e seus cuidadores, oficinas de sensibilização para professores e materiais educativos voltados a diferentes faixas etárias. “Nosso objetivo é sempre integrar ciência, educação e sociedade, visando o envelhecimento saudável e redução das desigualdades em saúde”, complementa a professora
Para a formação de educadores na área da saúde cerebral e envelhecimento o LABEN oferece o curso EnvelheCiência, online e gratuito, no Portal de Cursos Abertos da UFSCar – PoCA.
A “Cartilha Educativa EnvelheCiência e Turma da Mônica na Prevenção de Demências” está sendo divulgada em escolas, em atividades de formação de professores, em eventos científicos, na comunidade em geral e também de forma online.
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