Neurogames. Sabe aqueles jogos que circulam nas redes sociais e plataformas digitais para estimular as funções cognitivas? Eles realmente funcionam? Como ocorre esse processo? Tente. Comece com algum jogo bem fácil. Às vezes parece que não vai conseguir, pois está demorando muito pra chegar ao resultado final. Só que você insiste. Aquela voz interna diz “será possível que eu não dou conta de resolver algo que está no nível iniciante?” É certo que, enquanto não concluir a dinâmica proposta, você irá adiante até que, num dado momento....BINGO! CONSEGUI! Basta começar e essa prática tende a se tornar um hábito. E, sim, ela realmente atua no desenvolvimento e preservação da memória, raciocínio, agilidade, concentração entre outros tantos fatores que, com o avanço da idade tendem a se diluir.
Foi exatamente pensando em promover a saúde cognitiva que o especialista em gamificação Fabio Ota criou em 2013 a startup Isgame (International Scholl of Game), uma escola brasileira - com a intenção de se tornar internacional. No início, a ideia era ensinar crianças e jovens a desenvolver videogames e, assim, estimular o raciocínio lógico e concentração. Anos depois o pesquisador deu um passo ainda maior e idealizou o Programa Cérebro Ativo, aplicativo voltado principalmente para o público 50+.
No Cérebro Ativo as pessoas aprendem a jogar e a desenvolver videogames, trabalhando memória, concentração e raciocínio lógico, sendo muito útil na prevenção do declínio cognitivo. “O Programa destina-se a pessoas acima de 45 anos, saudáveis, com autonomia, que buscam melhorar a saúde mental e ter uma longevidade com qualidade de vida”, justifica Ota, CEO da Isgame e do Cérebro Ativo.
Inovação constante
O aplicativo teve a primeira versão lançada em 2020, disponível no Google Play Store e App Store e, segundo Ota, com mais de 25 mil downloads. De lá para cá foram feitas três grandes atualizações, com novas funcionalidades e melhoras constantes. Atualmente, são aproximadamente 5.000 pessoas jogando constantemente.
E as inovações não param por aí. Na era da Inteligência Artificial, novos atributos foram agregados aos games. Em 2024, por exemplo, introduziram algoritmos para predição da depressão e melhor engajamento durante os treinamentos com o Aplicativo Cérebro Ativo. Desta forma, os jogadores podem fazer o automonitoramento da saúde enquanto jogam.
Fabio Ota, fundador da Isgame, desenvolveu apicativo focado no público 50+
Cursos online ou presenciais
A Isgame oferece cursos online e também presenciais, com uma hora e meia de duração, uma vez por semana. As turmas têm até 20 alunos. “Trabalhar em conjunto na sala de aula também ajuda na socialização e integração intergeracional. São muitos os relatos dos alunos que começaram a interagir mais com as crianças falando sobre videogames”.
De acordo com as explicações do especialista, não é necessário ser programador para aprender a desenvolver jogos. A metodologia utilizada na Isgame permite ensinar qualquer pessoa alfabetizada, sem a necessidade de ser da área de programação. “Os idosos, nosso maior público, têm diversas formações e alguns somente ensino primário”.
Prova disso é a própria equipe de monitores do Isgame, que possui formação multidisciplinar: gerontólogos, terapeutas ocupacionais. fisioterapeutas, pedagogos etc. A escola oferece ainda um Programa de Licenciamento onde os licenciados são treinados para implementar a sua metodologia em outros lugares.
Quando começar a jogar?
“Aprender sempre...e se quiser”, é o que define a hora de começar. No entanto, o grande desafio é romper aquele velho preconceito, com forte caráter idadista: “.... já sou muito velho para aprender; não sou inteligente o suficiente; videogame é coisa pra criança; tenho medo de errar...”.
“Na Isgame esse assunto é trabalhado nas aulas presenciais para mostrar o empoderamento da pessoa idosa, ressaltando que, independente da idade, ela é capaz de aprender o que quiser. Lógico que com ritmos diferentes, mas sempre avançando de forma contínua”.
Os jogos foram pensados para todos os níveis, desde os mais fáceis até os mais complexos, com desafios maiores. Se a pessoa tem dificuldade em determinado jogo ou fase, o aplicativo dá algumas dicas e sugestões para serem treinadas, a fim de auxiliá-la. Se ainda assim ela não conseguir avançar, após muita insistência, o app – inteligentemente – bloqueia o processo para um momento de pausa, a fim de recuperar as energias com movimentos de respiração, relaxamento dos olhos, ombros, pescoço e alongamentos. Depois disso, é só retornar onde parou e continuar o desafio.
Para participar do nível Fácil, não há custo. A pessoa pode acessar os jogos gratuitamente, quantas vezes quiser. Na categoria Premium (níveis Médio e Difícil) a assinatura é de R$ 20/mês e o assinante tem à sua disposição todos os jogos, além do monitoramento da saúde, com avaliação da depressão, utilizando a GDS (Escala de Depressão Geriátrica).
A recomendação é jogar pelo menos uma hora por semana. Mas, certamente os resultados serão melhores quem conseguir se dedicar mais tempo a essa atividade.
Suporte científico
Vale destacar que os jogos desenvolvidos pela equipe da Isgame contam com o aval científico de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e UNIFESP, atestando a melhora nos quesitos memória, concentração e raciocínio lógico. No Instituto Brain de Pesquisa, da UNICAMP, comprovaram-se os benefícios para a memória com ressonância magnética e, na UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos- para prevenção do declínio cognitivo em adultos entre 54 e 59 anos.
@cerebroativooficial
