Em apenas duas edições, o Prêmio Jornalistas Negros + Admirados da Imprensa Brasileira já provoca uma transformação no ecossistema midiático nacional. Criado para valorizar e dar visibilidade a profissionais negros da comunicação, o prêmio ultrapassou os limites da celebração e já impacta outras premiações, como a tradicional lista dos 100+ Jornalistas Mais Admirados do Brasil, organizada pelo Jornalistas&Cia.
Dezenas de nomes reconhecidos em 2023 e 2024 também passaram a figurar em rankings gerais, antes marcados por baixa representatividade. Entre eles estão Adriana Couto, Aline Midlej, Flávia Oliveira, Maria Júlia Coutinho, Luciana Barreto, Pedro Borges e Basília Rodrigues, que hoje acumulam presença em ambas as listas.
Segundo levantamento, 89 jornalistas negros foram premiados nas duas primeiras edições, incluindo vozes da TV Globo à Amazônia Real, do Estadão à mídia independente. Essa diversidade evidencia que o prêmio reconhece trajetórias consolidadas e amplia a visibilidade de novos nomes e veículos, fortalecendo o jornalismo local e periférico.
Fruto da parceria entre a Rede JP, 1 Papo Reto, Portal NeoMondo e Jornalistas&Cia, a iniciativa fortalece a presença de jornalistas negros em espaços de poder, inspira jovens profissionais, pressiona o mercado a rever critérios de visibilidade e estabelece uma nova régua baseada em diversidade e justiça racial.
A jornalista Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP e uma das organizadoras do prêmio, relembra:
“Fui finalista do Prêmio HSBC de Sustentabilidade/Jornalistas e cia com a matéria ‘Cresce o número de empregos verdes’. Aquilo foi um divisor de águas: entendi que poderia trazer um olhar mais interseccional dentro de um veículo tradicional e, mesmo assim, estar entre as melhores reportagens.”
O jornalista Rosenildo Ferreira, criador do 1 Papo Reto, também organizador do prêmio e premiado em edições da série +Admirados, reforça:
“O Prêmio + Admirados deu a largada na democratização do processo de reconhecimento do trabalho de jornalistas fora do mainstream, viabilizando a participação de profissionais que atuam fora do eixo Rio-SP-Brasília.”
Ele recorda ainda que, no início da série, a questão racial era invisibilizada:
“A noite era de festa, mas havia apenas dois afrobrasileiros entre os 100 laureados. Coube a Flávia Oliveira registrar essa falta de diversidade em sua fala.”
Hoje, o crescimento da presença negra em premiações gerais indica uma mudança estrutural. Mais que celebração, o Prêmio Jornalistas Negros + Admirados é uma intervenção estratégica na história da imprensa brasileira, abrindo caminho para um futuro mais diverso, justo e plural.
Para indicar seus jornalistas e veículos preferidos basta acessar a cédula de votação no link a seguir. Podem votar profissionais que atuam em empresas de comunicação (jornalistas, publicitários e RPs). Nesta fase, a indicação é livre.
*Texto escrito por Marcelle Chagas para o Jornalistas&Cia
