Soluções simples para problemas complexos

Encontro em SP debate algumas soluções para o tratamento de resíduos sólidos e a redução das emissões de poluentes, no âmbito dos ODSAté 2030, a pobreza será erradicada. A educação de qualidade será acessível a todos e ninguém mais irá passar fome. Parece bom demais para ser verdade, né? Mas estas metas ambiciosas fazem parte dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) lançados pela Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2015. A ideia é que eles sirvam de parâmetro para as políticas públicas de todos os 193 países membros da entidade. Mas, como diz o poeta, a mudança começa nas pessoas e na sociedade e geral. E, felizmente tem muita coisa acontecendo neste sentido, no Brasil. Uma boa amostra disso pode ser visto hoje (9/3) cedo no II Fórum de Sustentabilidade promovido pelo Instituto Mais, em São Paulo. Todos os projetos, apps, inciativas e práticas empresariais apresentados deixaram claro que muita coisa bacana tem sido feita. Especialmente na questão das emissões de gases e no aproveitamento/redução dos resíduos sólidos. E não apenas no setor privado como também pelo setor público e até por jovens que ainda estão no ensino secundário. Saltou aos olhos o ColoRice, um pincel cuja tinta é produzida a partir de sobras do beneficiamento de arroz. “O produto é viável tecnicamente e comercialmente e pode ser produzido em larga escala”, disse a animada Juliana Reichert Farias, aluna do curso técnico de química do Senai de Mauá, município da Grande São Paulo. Segundo ela, uma caneta semelhante, usada para escrever em quadro branco é vendida por R$ 3, enquanto o modelo desenvolvido pelos jovens custaria R$ 0,30. Matéria prima não deve faltar. De acordo com pesquisa dessa tura, as beneficiadoras descartam o equivalente a 2,5 milhões de toneladas de casca de arroz, por ano, no Brasil. Apesar de ainda não estar disponível no mercado, o ColoRice já começa a chamar a atenção de potenciais parceiros. Um deles é a Empresa de Limpeza Urbana de Guarulhos (segundo mais rico município do Estado de São Paulo), cujo representante presente ao encontro de hoje, falou da possibilidade de incluir o produto nas concorrências de compras da prefeitura. [caption id="attachment_13915" align="alignleft" width="300"] Juliana (segunda a partir da dir.) e as parceiras no projeto ColoRice[/caption] O reaproveitamento de sobras do setor alimentício também se tornou uma obsessão para a Ceagesp, o maior entreposto comercial de gêneros alimentícios da América Latina. Por meio do Banco de Alimentos, a estatal vem atuando na luta contra o desperdício e colaborando para a segurança alimentar de inúmeras pessoas. Mais do que apenas doar alimentos para creches, asilos e para integrantes de comunidades pobres vítimas de catástrofes como incêndio, o Banco também desenvolve tecnologia. O foco é o reaproveitamento integral dos alimentos e a requalificação de frutas e verduras cuja vida útil encontra-se perto do fim ou que são rejeitadas pelo mercado devido ao seu aspecto visual. “Trabalhamos com inúmeros nutricionistas e engenheiros de alimentos para desenvolver receitas e mecanismos para ampliar a vida útil do alimento”, contou Luciano Legaspe, consultor do Ceagesp. Ele fez um alerta: “Mais do que reaproveitar, o importante é que o resultado seja um produto saboroso para o consumidor final”. Em matéria de benchmarking, a experiência desenvolvida pela BIOSEV, gigante global no segmento de etanol, indica que os avanços chegaram também à gestão de frota de veículos. O case apresentado por eles abrange três vertentes: a redução das emissões de gases na atmosfera, a mitigação dos efeitos causados pela frota e a redução de custos do setor. Em linhas gerais, o projeto já garantiu uma economia de R$ 500 mil, no primeiro ano, com o pagamento de multas por excesso de velocidade e no custo de aquisição de combustíveis. Para reduzir os efeitos das emissões e a pegada de carbono da empresa optou-se pelo plantio de árvores. “Apesar de o programa ainda estar em fase de desenvolvimento, queremos oferecer esta tecnologia para a sociedade, começando pelos fornecedores e demais parceiros da empresa”, destacou Guilherme Pescim, consultor da BIOSEV. Até o final do ano estão previstos mais cinco encontros com empreendedores, empresários, gestores públicos e acadêmicos envolvidos no debate da sustentabilidade. O Instituto Mais, fundado e comandado por Marilena Lino de Almeida Lavorato, é o responsável pelo Programa Benchmarking Brasil.   SAIBA MAIS: Sobre os ODS Sobre o Programa Benchmarking Brasil