Empreendedor brasiliense radicado em SP aposta na compostagem doméstica para reduzir a geração de resíduos no BrasilA acanhada rua Diogo do Couto, meio que escondida no bairro do Butantã, nas proximidades do Portão 4 da Universidade de São Paulo, possui um ar bucólico que nos remete às cidades do interior. Especialmente quando chegamos à sua última quadra que, por não ter saída, conta com um reduzido movimento de veículos.
O número 47 se destaca pelo entra-e-sai de pessoas em busca de informações sobre compostagem, agricultura urbana, permacultura e interessados na aquisição de produtos fabricados de acordo com preceitos sustentáveis. A lista inclui absorventes femininos ecológicos, fraldas de pano, cosméticos e repelentes de insetos. Mas o forte mesmo é a produção de caixas para compostagem doméstica.
É lá que funciona a sede da Morada da Floresta, uma empresa social que atua em diversas frentes, na área ambiental.
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Loja vende produtos naturais e orgânicos[/caption]
O negócio começou a ganhar fôlego quando o ex-punk, ex-hippie e eterno inconformado Claudio Vinícius Spínola, 41 anos, se casou com Ana Paula Silva, 34 anos, em 2006. Até então, a casa funcionava como uma república de alunos da USP, onde Claudio cursava comunicação e dividia a residência com outros oito estudantes. A guinada foi fruto de um processo de contínuo aprendizado, incluindo muitas frustrações, muito inconformismo com a aridez da metrópole e uma fase de revolta com os rumos da sociedade de consumo.
É que na adolescência em sua terra natal, Brasília, na década de 1990, seu desejo era desafiar o mundo. “Não queria ser mais um parafuso do sistema”, lembra. Nesta jornada, ele flertou com o movimento punk, com a cultura hippie e acabou se encontrando na ecologia, a partir do conhecimento da permacultura. “Foi aí que que decidi que deveria fazer hortas e trabalhar com a compostagem de resíduos orgânicos”, diz.
O criador da Morada da Floresta desponta como um dos mais conceituados ativistas da adoção, em larga escala, da compostagem doméstica e dos resíduos de pequenas empresas, como restaurantes de bairros. Mais do que apenas cuidar da natureza, o dublê de empresário e ecologista diz que esta atividade poderia gerar importantes dividendos econômicos. Tanto para o poder público, quanto para as pessoas.
“A prefeitura de São Paulo desembolsa R$ 465 milhões com a gestão de resíduos orgânicos oriundo das casas das pessoas e das feiras livres”, diz. “Um programa de compostagem em larga escala poderia reduzir e até eliminar este gasto”.
Gastronomia orgânica
Claudio fala com conhecimento de causa. Durante a gestão de Fernando Haddad, em 2014, a Morada da Floresta liderou um bem-sucedido projeto-piloto de compostagem doméstica. Agora, o desafio é ampliar o sistema, incluindo-o no Programa de Metas que o prefeito João Doria deverá apresentar até o final de março, como determina a Lei Orgânica do Município. “Estamos tentando ser recebidos pelo prefeito para falar de nossos projetos, mas ainda não conseguimos”, lamenta.
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Ana Paula (à esq.) e a chef Adriana (à dir.)[/caption]
A Morada da Floresta, no entanto, também vem se firmando como um espaço de troca de conhecimentos e de gastronomia. No dia em que fizemos esta entrevista, quem pilotava a cozinha era a competente chef Adriana Nogueira. Ela brindou os presentes com um cardápio criativo, diversificado e no qual a proteína animal não teve vez. Apenas legumes, vegetais e folhas produzidas de forma orgânica, adquiridos de pequenos produtores.
Hoje, o casal e seus dois filhos, Micah e Violeta, dividem o tempo entre São Paulo e a casa onde moram em Santo Antonio do Pinhal, cidade da serra da Mantiqueira. Os rebentos nasceram de parto natural e jamais usaram fralda descartável. Ana Paula também atua como doula, ajudando outras mulheres na decisiva hora de nascimento dos filhos.
SAIBA MAIS:
Sobre Permacultura
Sobre o Plano de Metas da Prefeitura
Sobre o projeto-piloto de compostagem doméstica em SP
Sobre os produtos vendidos pela Morada da Floresta
Autor: 1 Papo Reto
Sobre o/a Autor(a) 1 Papo Reto
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