Livro debate papel das empresas na agenda ESG

Livro debate papel das empresas na agenda ESG

A sigla ESG, acrônimo para meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês, surgiu a partir de um desafio proposto pelo então secretário-geral da ONU, Koffi Anann, em meio ao debate travado com gestores públicos e acionistas de grandes corporações. Desta interlocução ficou o legado da adesão, de forma maciça, do setor privado aos desafios da pauta ambiental – trilha iniciada na Rio92. Como a boa governança sempre esteve no decálogo das grandes empresas, a expectativa era que o “S” (de pessoas) fosse turbinado, levando para “dentro de casa” a importância da valorização do bem-estar dos funcionários e da ética no relacionamento com as comunidades externas. Mas, como bem sabemos, entre a intenção e a ação vai um oceano de distância. A rigor, o mundo corporativo segue replicando modelos insustentáveis no que se refere aos funcionários, em geral, e aos grupos desprovidos de poder, como mulheres e afro-brasileiros.

Capa do livro Por Organizacoes Radicalmente Humanas Ana Bavon

Essa contradição tem sido explorada por argutos observadores da cena empresarial. Uma das vozes mais tonitruantes é a da fundadora da consultoria B4People, Ana Bavon, advogada por formação e militante feminista e antirracista: "Não há mais espaço para empresas que apenas reagem às crises ou enxergam ESG como um discurso. A sustentabilidade corporativa precisa ser um compromisso estruturado, inegociável e central na tomada de decisão”, diz.

Esta e outras reflexões foram reunidas no livro Por Organizações Radicalmente Humanas (Editora Jandaíra), que acaba de chegar às livrarias físicas e digitais. A série de lançamentos começa por Salvador e São Paulo. Na sexta-feira (2 de maio), a tarde de autógrafos, na Livraria LDM do Shopping Paseo Itaigara, será precedida por um bate papo com o ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial do Governo da Bahia, professor-doutor Elias Sampaio, economista e pós-doutor em Administração. Na sexta-feira seguinte (9/5), ela encontra os paulistanos em um tarde de autógrafos na Livraria da Vila, a partir das 15h.

Na obra, anunciada por ela como “um chamado para que as lideranças abracem uma governança corajosa, baseada em integridade e impacto real", Ana destaca o papel dos líderes empresariais como agentes de mudanças reais, concretas e urgentes, capazes de colocar a sociedade e um novo patamar de desenvolvimento: menos excludente e mais comprometido com valores, digamos, civilizatórios. “O ESG deve ser tratado como uma estratégia essencial, e não como um checklist de conformidade”, destaca.

Na visão da consultora e especialista no tema, muitas corporações acabaram pagando um preço elevado, tanto internamento quanto aos olhos do público consumidor, ao não se atentarem à importância destes postulados. Alguns casos são discorridos por ela ao longo das 154 páginas de Por Organizações Radicalmente Humanas. “Muitas das empresas que investiram em diversidade, falharam na criação de ambientes verdadeiramente inclusivos, ressaltando a importância de integrar a equidade como um pilar estratégico”.